Guardo todas, um dia vou construir
Um castelo...”
Fernando Pessoa
Um castelo...”
Fernando Pessoa
Tomo por empréstimo estes versos de Fernando Pessoa para reflectir um pouco sobre o Programa Novas Oportunidades. Metaforicamente estas pedras são todas as dificuldades, todos os obstáculos que, ao longo da vida, se vão colocando e que importa torneá-las ou ultrapassá-las. Qualquer pessoa, na sua caminhada de vida, enfrenta dificuldades, momentos de desânimo, de infelicidade, de injustiça e de ruptura. Costumo dizer aos meus alunos que estes momentos de conflito e de desânimo são normais, direi mesmo necessários, e representam picos de crescimento. Todo o processo de crescimento é doloroso e, com muita frequência, implica rupturas. O importante é não se deixar abater, reconhecer que há um longo caminho a percorrer e nunca desanimar e abandonar o objectivo traçado. Muitos vão-se libertando dessas pedras, desses obstáculos, para facilitar a sua penosa caminhada, no entanto, os mais sensatos, aqueles que têm uma perspectiva construtiva e de futuro, não esquecem essas pedras, não ignoram os seus erros e, num esforço suplementar, acomodam-nas na sua arca da vida. São pedras que simbolizam as oportunidades perdidas, a escola abandonada, a formação adiada, os empregos precários, o prazer imediato, os interesses passageiros e efémeros, o individualismo exagerado, o facilitismo, a preguiça, a indolência. São tantas e tantas pedras arrumadas e aparentemente desnecessárias! Agora, nesta encruzilhada, nesta fase crítica de crise económica e social, é importante recuperar essas pedras, corrigir os erros, fazer uma avaliação séria e criteriosa, pegar nelas e iniciar a construção do nosso castelo. Quem as recolheu, quem as guardou poderá construir o seu castelo de vida, reformular o seu projecto de vida, cinzelar e apurar as imperfeições e construir um edifício belo e robusto. Esse castelo pode ser o Plano de Desenvolvimento Pessoal. Apresenta-se como uma tarefa exigente e difícil que requer o apoio qualificado dos melhores técnicos e dos melhores profissionais. Todavia, se pretendermos o sucesso, não devemos copiar os projectos dos vizinhos, é importante sermos originais e construir o nosso plano, que seja autêntico e modelado à nossa personalidade, à nossa experiência, à nossa necessidade e à nossa vontade. Não devemos apostar num qualquer plano formatado, tipo pronto-a-vestir, devemos consultar os melhores técnicos que colaborem na sua definição e na criação de condições para a sua concretização. Este processo pode implicar contactos com entidades formadoras, empregadoras ou de apoio ao empreendedorismo.
Nesta fase, o adulto deve ser crítico, exigente e não aceitar toda e qualquer proposta desenhada por terceiros. O plano deve ser pessoal, devendo desconfiar-se de modelos standarizados e demasiado fáceis. Podem não saber exactamente o que pretendem, mas, tal como José Régio, desconfiem daqueles que “com olhos doces… vos dizem vem por aqui”. O plano deve ser feito à medida de cada um, sendo assim, nos momentos de indecisão, também saibam dizer:
“Não sei por onde vou
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”
Júlio Sá
Avaliador Externo
Avaliador Externo
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