sábado, 8 de janeiro de 2011
NOVAS PORTAS, NOVOS HORIZONTES, NOVAS OPORTUNIDADES!
O que posso dizer sobre as Novas Oportunidades e o seu impacte na vida das pessoas?
Bem, tenho 51 anos e estou a frequentar o RVCC Secundário. Sou o mais velho do grupo, ou pelo menos daqueles que estão comigo neste percurso.
Penso que as pessoas ao longo da vida vão perdendo grandes oportunidades como, por exemplo, estudar, uns porque não tiveram condições financeiras, outros porque simplesmente optaram por não estudar mais, como foi o meu caso. Mas, meus caros, as coisas vão andando e nós vamo-nos apercebendo que é fundamental e imprescindível ter conhecimentos. Por exemplo, posso ser um óptimo condutor, mas se não tiver carta de condução, não posso conduzir nas vias públicas.
Ter conhecimentos e aprender não só nos faz sentir melhor, como também se abrem novas portas, desde melhores empregos, logo melhor remunerados, a outras coisas, como lugares de destaque na sociedade em que estamos inseridos.
Não existem motivos para que as pessoas não aprendam, porque agora com toda a informação que temos, e com as novas oportunidades, aprender nunca pode ser um problema. Não admito que me digam que já não tenho idade para isto, ou que o que tinha que aprender já aprendi, ou outras coisas do género. Isso são desculpas de uma pessoa que quer ser ignorante… porque ignorante não é o que não sabe, mas aquele que se recusa a aprender.
Ao frequentar este processo, estou a valorizar-me, elevando o meu ego, para além de ocupar o meu tempo com assuntos de interesse. Por isso, recomendo e aconselho vivamente a todos que aproveitem realmente as Novas Oportunidades, pois certificamos as nossas competências, faz-nos bem, cultiva-nos e, assim, novas portas e novos horizontes podem, de facto, ser abertos.
Joaquim Oliveira, adulto a frequentar o processo RVCC de Nível Secundário
AS MINHAS TREMURAS
Eu tinha dois objectivos. Por um lado a valorização pessoal e, por outro, mostrar que de facto os meus conhecimentos poderiam ir para além do 9º ano. Hoje, acabo de concluir o 12º ano e, ao fazer uma retrospectiva de um passado recente, não me restam dúvidas, sinto-me outra pessoa, pois lembro-me que quando passava próximo do computador tinha medo dele. Hoje não passo sem ele! Relaciono-me com todas as instituições através da internet sem necessidade de sair de casa e escrevo e falo com as minhas filhas que se encontram distantes através dele.
Sinto-me feliz e gostava de partilhar esta felicidade, não só com a minha família, mas também com todos os funcionários da escola e com todos aqueles que têm dúvidas sobre o que devem fazer no comboio da vida. Estudem e valorizem-se, pois tudo “vale a pena se a alma não é pequena”.
Eduardo Coutinho, adulto certificado com o 12ºano de escolaridade
VOLTAR A SONHAR
“Eu queria ser astronauta,
o meu país não deixou.
(…)
Tive vontade de voltar à escola,
mas o doutor não deixou.”
Esta música dos Xutos e Pontapés passa com muita frequência nas rádios deste país e reflecte com acuidade o sentimento dos adultos de hoje que, em criança, não puderam frequentar a escola. Estes versos traduzem com um realismo cruel a situação de muitas dessas crianças que viram os seus sonhos destruídos pelo obscurantismo do país e pela mísera condição socioeconómica das famílias. O país está em dívida para com essas pessoas, pois, muitos dos sonhos acalentados, não se concretizaram. As famílias, sem o apoio do Estado e sem a ajuda da própria escola, não ajudaram a materializar esses sonhos de uma vida. O mundo da escola e da formação estava vedado à generalidade das crianças portuguesas. Apenas os filhos das classes sociais mais favorecidas conseguiam frequentar a escola e chegarem a engenheiros e doutores. Quantos engenheiros, quantos doutores, quantos técnicos qualificados se perderam por falta de vontade política e de uma estratégia nacional!
Como diz a canção, essa desilusão transformou-se em “dor que nunca mais passou”. Uns conformaram-se e resignaram-se com a triste realidade, no entanto, muitos outros deixaram que o inconformismo tomasse conta das suas vidas e decidiram voltar à escola. Com o Programa Novas Oportunidades, muitos deles descobriram que ainda é possível sonhar e realizar muitos desses sonhos impossíveis, metaforicamente designados por astronauta. Felizmente, não é necessário recorrer ao Anjo da Guarda da canção, pois existem muitos profissionais competentes, empenhados e motivados para apontar os caminhos da realização pessoal, social e profissional. Todos aqueles que quiserem ser astronautas, engenheiros, doutores, professores ou até mesmo atletas de alta competição têm agora uma oportunidade de concretizar o sonho de uma vida. É necessário apenas “acordar, meter os pés no chão/Levantar pegar no que tens mais à mão. / Voltar a rir. Voltar a andar.” E o sonho de uma vida realizar-se-á.
Júlio Fontes Sá, Avaliador Externo
UMA NOVA EXPERIÊNCIA . UM NOVO DESAFIO...
Em 2006, surge uma nova experiência!
A Escola profissional CIOR alargou as suas valências de intervenção, criando um Centro Novas Oportunidades, no qual iniciei o meu percurso enquanto formadora de Matemática para a Vida em processos de RVCC, nível básico. No ano seguinte, estávamos já a arrancar com o RVCC secundário, como houve necessidade de reformular a equipa, de formadora de Matemática para a Vida passei a formadora de Sociedade Tecnologia e Ciência, STC. No início, questionei se iria ser capaz de superar este desafio, uma vez que STC é uma área muito abrangente. Inicialmente questionei-me: “Mas o que significa STC?”; “Como se aplica na prática?”. Bem… para aqueles que nunca ouviram falar, ou para aqueles que já ouviram falar várias vezes em STC, mas que não sabem muito bem o que significa, decidi escrever algumas linhas em torno desta área de Competência - Chave. Como já referi, STC é uma área de Competência - Chave de Nível Secundário, que se estrutura em torno de sete Unidades de Competência (UC) geradas a partir de sete grandes núcleos - Núcleos Geradores (NG) que projectam a Ciência e a Tecnologia na Sociedade, ou seja, enquanto elementos de uma sociedade, tanto a nível profissional como na vida pessoal e familiar, adaptamo-nos e lidamos com novos contextos e desafios, nos quais a ciência e a tecnologia são componentes essenciais.
Surgem-nos diariamente oportunidades ilimitadas, mas também de elevados riscos de exclusão, sobretudo para quem não possui competências nestes domínios, por isso, é que a área de STC é fundamental num processo onde se pretende reconhecer os saberes práticos dos seus cidadãos.
Atrevo-me a dizer que este desafio é constante, e faz-me crescer enquanto pessoa e formadora, dia após dia.
Rosário Rodrigues, Formadora de STC
RVCC PROFISSIONAL -PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS
Fruto do trabalho desenvolvido neste âmbito, temos vindo a ser contactados por várias entidades que solicitam o nosso apoio, no terreno, na operacionalização desta oferta formativa.
Assim, tivemos oportunidade de receber nas nossas instalações, durante este ano civil, técnicos de três CNO: Centro Novas Oportunidades da Associação para desenvolvimento integrado do Vale do Ave - Sol do Ave, sediado no concelho de Guimarães; Centro Novas Oportunidades da Coopetape - Cooperativa de Ensino, CRL, sediado em Valença; e Caminha e o Centro Novas Oportunidades do Profisousa -Associação de Ensino Profissional do Vale do Sousa, sediado em Paços de Ferreira.
Em momentos distintos, tivemos oportunidade de partilhar a nossa prática, neste domínio, dando a conhecer todo o percurso que o adulto percorre ao longo de um processo de RVCC profissional até obter uma qualificação profissional. Neste sentido, foi feita uma abordagem holística do processo, tendo-se explicado a forma como está implementado no nosso CNO, como se encontra estruturado, as metodologias e os instrumentos utilizados, entre outros.
Da mesma forma, fizemos referência a algumas dificuldades com as quais nos fomos deparando ao longo do tempo, tais como a falta de informação, por parte da tutela, no que respeita a algumas situações atípicas.
A partilha de experiências tem permitido o aperfeiçoamento da nossa prática, uma vez que alguns destes CNO já deram os primeiros passos no terreno, nomeadamente o CNO da Coopetape.
Estes momentos de partilha de know-how entre Centros Novas Oportunidades têm constituído uma mais-valia na nossa prática diária, visto que nos fazem repensar de forma contínua o trabalho que levamos a cabo, sentindo, muita vezes, a necessidade de parar para repensar a nossa intervenção no terreno.
Juntos, será mais fácil construir um caminho mais sólido e credível!
Cristina Barroso, Profissional RVCC