terça-feira, 1 de abril de 2008

O VALOR QUE A GENTE DÁ ÀS COISAS DEPENDE DA RÉGUA QUE A GENTE USA

Quando me propuseram fazer parte do Centro Novas Oportunidades lembrei-me que o valor que a gente dá às coisas depende da régua que a gente usa... Em pouco tempo descobri o porquê: esta expressão reflecte bastante o espírito deste projecto! Ora vejam se não concordam...
Pesquisas feitas com cientistas sobre a maneira como eles fazem ciência revelam que a maioria responde quase de imediato: “O método cientifico” (1). A grande verdade é que é indiscutível que este método trouxe uma sistematização que alavancou a ciência e a tornou na mais produtiva ferramenta do intelecto humano. Apesar dos resultados, há quem ponha em causa esta metodologia argumentando que a observação de um fenómeno por si só afectaria a percepção desse mesmo fenómeno e, portanto, o método não seria válido. Linearmente dir-se-ia que como contra factos não há argumentos, vence até aos dias de hoje a eficácia deste método, pois nenhuma alternativa proposta a ele contribuiu tanto para o avanço da ciência, o desenvolvimento da tecnologia e a compreensão do Mundo e do Universo. Reflectindo um pouco sobre isto, rapidamente me ocorre a outra parte dos resultados da pesquisa referida: “alguns dos cientistas entrevistados, após começarem a responder "o método..." paravam, reflectiam e diziam: "Na verdade, não é isso. Temos uma ideia, partimos dela e não paramos até que tenha sido realizada".
Ao escrever este texto e tendo na ideia todos os dossiers com histórias de vida analisados, histórias tão variadas e únicas como os seus protagonistas, apercebi-me que não posso contestar o método científico, mas também não posso negar a importância desta abordagem. Se por um lado cada história de vida pode ser encarada como o nosso problema inicial, que pela sua observação/análise irão ser vislumbrados caminhos a serem trabalhados (experimentação) que permitam testar a hipótese estabelecida inicialmente (pegando neste aspecto, indo por este caminho conseguiremos?) e concluir a sua veracidade, não menos verdade é que há metas predefinidas a atingir (critérios de evidência a serem validados), e que não são evidenciadas nem indiciadas na vida da maior parte. Aqui de facto “temos uma ideia, iremos partir dela e não parar até que tenha sido alcançada".
Talvez conclua que o caminho que se toma não predestina a meta que se alcança. E ao longo dos tempos, várias foram as pessoas que se sagraram ilustres em determinada área, tomando caminhos díspares dos tradicionais, se não pensemos no percurso de Einstein do qual não se pode dizer que tenha tido uma caminhada escolar brilhante. Como é que um dos maiores génios da história da humanidade teve um rendimento escolar tão fraco? As razões podem ser muitas. A resposta que me interessa explorar é a sua desmotivação relativamente às matérias ensinadas, se bem que precisou delas ao longo da carreira como cientista. Torna-se cada vez mais pertinente perceber que é importante que as crianças, adolescentes, jovens e adultos tenham contacto com as mais variadas realidades. A sua formação não se deve restringir ao currículo da sala de aula! A obsessão por resultados de mérito não deve ser um fim, as notas altas devem ser o resultado do gosto por uma matéria e é o gosto pelas matérias em estudo que se deve promover. Aí penso que o processo feito num Centro de Novas Oportunidades ganha terreno e é esplêndido no sentido em que toda a base de trabalho de quem nele se inscreve é a sua própria história de vida. Esta trabalhada à luz das áreas envolvidas será ramificada para temas e propostas variadas, mas que dizem sempre algo à pessoa que as trabalha – não fossem elas tiradas de si mesmo. Aqui os adultos quando chegam trazem na bagagem a “escola da vida” e, quando saem, levam a “escola de papel”, o inverso do ensino tradicional. Uma não é melhor que a outra, a certeza é que ambas em sintonia farão as pessoas terem bases mais sólidas para se inserirem e vencerem os obstáculos do dia a dia de trabalho, e não só, com que se deparam. Este processo é mais ou menos credível? Até eu mesma já parei várias vezes a pensar na resposta, hoje conhecendo a ideia de raiz do projecto respondo aquilo que muitas vezes dizia o professor Doutor Juan Manuel Torres: "A academia aceita a inovação, mas você tem de ser brilhante!".
(1) O método científico: conjunto de regras básicas para um cientista desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Consiste em juntar evidências observáveis, empíricas, e mensuráveis, com o uso da razão. Consiste nos seguintes aspectos: Problema, Observação, Formulação de hipóteses, Experimentação das hipóteses e Conclusão.

Ilda Dias
Formadora de STC

OPORTUNIDADES PARA AS MULHERES

A 8 de Março assinala-se o “Dia Internacional da Mulher”. Nesse dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como “Dia Internacional da Mulher”.
Ao escolher o tema “Mulher” para este artigo, não pretendo liderar nenhum grupo de emancipação, mas elogiar as mulheres que tenho encontrado nos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Para muitas mulheres da nossa região os CNO’s estão a ser um desafio, uma ocasião ímpar e ao mesmo tempo o início de um novo processo em que a aposta na formação volta a ganhar um novo impulso.
Aos CNO’s chegam as mais diferentes mulheres, jovens e adultas, empregadas e desempregadas, casadas, divorciadas e solteiras, mães, avós e tias. Em comum a vontade de ver certificadas as suas competências.
Para alcançar um objectivo que em tempos foi interrompido, pelos mais diversos motivos, não abdicam de fazer diversos sacrifícios pessoais.
Faltam apoios…
Não é fácil, depois de um dia de trabalho, assistir a sessões de formação e elaborar os instrumentos de mediação que são propostos ao longo deste processo, para muitas é o retomar de um ciclo que foi interrompido há mais de 15 ou 20 anos.
Da experiência obtida, nas sessões de Júri, devo afirmar que ainda hoje para muitas mulheres o acesso à educação está muito dificultado, mas agora o obstáculo é a família. É certo que os Centros Novas Oportunidades estão com as portas abertas para acolher, apoiar e orientar as mulheres, mas o difícil para muitas é chegar até estas instituições.
Das histórias de vida relatadas, algumas chocantes, são muitas as mulheres que ingressam neste processo contra a vontade dos cônjuges. Em casa, e no seio da família falta o apoio, encorajamento, mas pior há um número significativo de dificuldades que são colocadas pelo facto da mulher ter decidido apostar na formação.
Ainda recentemente uma adulta relatava que “o meu marido não me queria deixar vir para a formação e até o seu carro colocou à entrada da garagem para não me deixar sair com a minha viatura”. Outras, com lágrimas nos olhos afirmavam que “não passa pela cabeça do meu marido que eu estou aqui. Tive que mentir” e “se calhar não vou poder continuar porque em casa tenho uma guerra todos os dias porque ele não quer que eu estude”. A questão que se coloca é saber, que crime cometeu cada uma destas mulheres, para ter de andar com medo de represálias, quando tomou a decisão de ingressar num processo de Reconhecimento e Validação de Competências.
Afinal com o Dia Internacional da Mulher não se pretende chamar a atenção para o papel e dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher?
A conclusão que se pode tirar, é que, infelizmente, ainda há um longo caminho a percorrer …e desde 1857 até aos nossos dias a evolução não foi tão significativa quanto isso.

Fátima Cerqueira
Avaliadora Externo

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO

Portugal apresenta um défice histórico ao nível da qualificação e certificação escolar e profissional. Este défice tem-se traduzido num dos principais factores que explicam o atraso do país face aos países mais desenvolvidos.
As consequências da baixa qualificação da população activa portuguesa trespassam os mais variados sectores, desde a economia, emprego e as inerentes consequências sociais. Este défice tem caracterizado uma faixa significativa da população portuguesa, levando numa análise mais profunda a problemas ao nível sistémico e individual.
Pode-se desenhar um ciclo vicioso, onde o abandono precoce da escolaridade e a consequente precariedade de emprego e dificuldades económicas coabitam com baixos níveis de formação sociocultural. E nem mesmo a mudança geracional tem sido por si só capaz de interromper e inverter este ciclo.
Relativamente ao potencial humano e apesar dos anteriores esforços, Portugal ainda não conseguiu superar os baixos níveis de qualificações, quer ao nível do ensino básico, quer ao nível do ensino secundário, quando comparado com os restantes países da União Europeia.A aprendizagem ao longo da vida emerge-se como estratégia prioritária no combate a este défice, entendendo-se que a criação de uma oportunidade para aqueles que precocemente abandonaram a escola e entraram no mercado de trabalho com níveis de escolaridade baixos e sem uma profissionalização é um “dever incontornável por motivos de justiça e de coesão social, mas também uma condição essencial para o desenvolvimento do país” (Ministério da Educação).
A maioria da população desempregada e mesmo parte da população empregada apresentam baixos níveis de qualificação e competências desactualizadas que importa reforçar e desenvolver.Neste sentido, o Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional CIOR continua a desenvolver esforços para dar resposta às necessidades dos diferentes públicos.Assim, no ano de 2008, será dada continuidade aos protocolos entre o Centro Novas Oportunidades da CIOR e as várias empresas/instituições do concelho, tais como PRIMOR, Junta de Freguesia de Ribeirão, Junta de Freguesia de Arnoso Santa Eulália, Recreio do João – Vermoim, iniciando novos protocolos com a Associação de Moradores das Lameiras, Centro Social e Paroquial de Calendário, Construções Gabriel Couto, Santa Casa de Misericórdia de Vila Nova de Famalicão e Agentes de Segurança Pública.
Para dar resposta às múltiplas exigências empresariais, o CNO tem procedido ao alargamento do seu horário de funcionamento e à adaptação dos horários aos trabalhadores.
Outra grande aposta do CNO para este ano é a elevação da qualificação/certificação da população em geral do concelho de Vila Nova de Famalicão, assim como o alargamento da sua área de intervenção, nomeadamente através das itinerâncias, estando assim cada vez mais próximo das pessoas.
No processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências ao nível do Ensino Básico (9º ano de escolaridade), cada adulto terá que desenvolver o seu portfólio, surgindo este como o retrato do percurso de aquisição e desenvolvimento de competências, nas diversas dimensões, pessoal, social, profissional, formativa…
Ao iniciar o seu portfólio, o adulto deve pensar que está a escrever uma história de tudo o que aprendeu. A utilização do percurso de vida é o ponto de partida. Partindo desta e sempre de uma forma pensada, reflectida e problematizada, numa perspectiva de questionamento sobre o que foi aprendido, o adulto vai construindo o seu portfólio onde a par da história de vida, deverá apresentar um conjunto de actividades que evidenciam as competências adquiridas.
Este documento serve como instrumento de Validação das Competências, conhecimentos e saberes adquiridos pelo adulto ao longo do seu percurso de vida, sendo a base de sustentação de todo o processo.
O portfólio é um documento de autoconstrução e em constante reformulação, onde cada adulto escolhe a informação de acordo com os critérios definidos e acordados entre este e os técnicos/formadores. Este não é um documento fechado, sendo, acima de tudo, um instrumento vivo e de reflexão sobre as suas aprendizagens no processo de construção da sua qualificação.

Ana Catarina Lopes, Catarina Alves e Maria João Händel
Profissionais de RVC
C

A ESCOLA DA VIDA

Nos dias de hoje, parece que ninguém tem dúvidas que a escola privilegia as competências aos conhecimentos. Já ninguém anda na escola unicamente para saber, mas sobretudo para saber ser, saber estar e, sobretudo, saber fazer. Também é consensual que, para além do currículo explícito, as aprendizagens se realizam noutros contextos, ganhando maior alcance o currículo informal e o currículo oculto. A escola já não é o único paradigma da educação e da formação. Aprende-se, como é óbvio, na escola, mas também se aprende no contexto familiar, no profissional, no associativo e aprende-se também com os media. As verdadeiras aprendizagens e, porventura, as mais significativas, de cada um de nós, licenciados ou não, aconteceram fora da escola.

Sendo assim, muito me espanta, que certos sectores da sociedade portuguesa, reajam ironicamente ao Programa Novas Oportunidades. Assiste-se já a alguma chacota pública e até a um certo anedotário nacional. Mas quem assim ridiculariza, conhecerá os princípios deste programa? Saberão que a maior parte destes adultos se formou na escola da vida, através dos currículos informais e ocultos? Saberão que muitos deles adquiriram as competências de linguagem e de comunicação à custa de muitas leituras? Que, mesmo que não dominem a linguagem académica, aplicam e lidam diariamente com a Matemática da vida, interpretando e aplicando métodos práticos e resolvendo problemas? Saberão que todos dominam a informática, na óptica do utilizador, utilizando o Word, PowerPoint, Excel e Internet? Quantos dos nossos alunos do 9º ano dominam estas ferramentas? Quantos são aqueles que têm uma experiência associativa e cívica tão rica como grande parte destes adultos? Muitos deles participam em movimentos associativos e cívicos, são autarcas, dirigentes associativos e encarregados de educação que acompanham de perto os seus filhos e que colaboram com a escola. Quantos são capazes de organizar um currículo, um portfólio, ou um dossiê exaustivo com as suas histórias de vida, salientando as diversas evidências pessoais, profissionais e formativas? Muitos deles têm uma experiência profissional rica e diversificada, revelando grande capacidade de aprendizagem e de adaptabilidade às diferentes profissões. Quantos deles, depois de oito horas de trabalho diário, ainda conseguem ter disponibilidade física e mental para frequentarem inúmeras acções de formação? E, sobretudo têm a humildade que, falta a tantos, para confessarem as suas limitações e têm um desejo férreo de se valorizarem cada vez mais. Não regressaram à escola, como se vai dizendo, mas têm que ultrapassar, por vezes, a crítica, o preconceito e a hostilidade de amigos e até de familiares, só porque aceitaram o desafio desta nova oportunidade e acreditam na aprendizagem ao longo da vida.
Enquanto avaliador externo, tenho tido a oportunidade de admirar, de me emocionar e de aprender com tantos destes homens e mulheres, que evidenciam tantas competências de vida, que apostam na leitura, que resolvem tantos problemas matemáticos, chegando mesmo a inventar equipamentos e máquinas, que sabem tanto de novas tecnologias, incluindo a informática, que frequentam tantas acções de formação, que detêm um riquíssimo currículo profissional, que participam de uma forma tão empenhada nos movimentos associativos e cívicos, quer como autarcas, dirigentes, voluntários, catequistas, escuteiros…
A todos estes homens e mulheres presto a minha homenagem e admiração.

Júlio Sá
Avaliador Externo

MINISTRA DA EDUCAÇÃO E PRESIDENTE DA CÂMARA APLAUDEM ADULTOS CERTIFICADOS

Emoção, entusiasmo, orgulho e satisfação são alguns dos adjectivos que nos permitem caracterizar o estado de espírito de 282 adultos, certificados pelo Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cior, e que no dia 24 de Dezembro, pelas 15:30 horas, receberam no grande auditório da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, os seus diplomas de equivalência aos 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico.
Esta cerimónia contou com a presença de Sua Excelência a Sra. Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, do Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Armindo Costa, do Delegado Regional de Educação do Norte, Avelino Leite, da Directora Regional da Educação do Norte, Margarida Moreira, da Adjunta do Governador Civil, Ana Paula Costa, do Presidente da Escola Secundária D. Sancho I, Benjamin Araújo e do Director da Escola Profissional Cior, Amadeu Dinis.
O Director da Escola Profissional Cior, Amadeu Dinis, deu início às intervenções começando por saudar e agradecer a todos presentes. Em seguida, procedeu a um balanço da actividade do centro ao longo do último ano. Salientou a este respeito, o empenho, o profissionalismo e a disponibilidade sempre demonstrada pela equipa pedagógica deste centro. Reforçou que um dos grandes princípios subjacentes à filosofia deste Centro, centra-se na prestação de “um serviço de proximidade” e de “descentralização de serviços, o qual só foi possível mediante a concretização de parcerias com juntas de freguesias e instituições públicas e privadas do Município de Famalicão. Frisou, ainda, que urge alargar o espaço físico do Centro com vista a responder aos novos desafios que se avizinham, entre os quais destacou o início do processo de RVCC Nível Secundário e os processos de dupla certificação.
O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão iniciou a sua intervenção começando por destacar a importância que os Centros Novas Oportunidades assumem na (re)qualificação da mão-de-obra do concelho de Vila Nova de Famalicão. Acrescentou, ainda, que apesar do crescimento económico verificado nos últimos 20 anos, Portugal não conseguiu vencer a batalha da Educação, pelo que reconhece que o Programa Novas Oportunidades constitui uma oportunidade para os jovens e adultos poderem melhorar as suas qualificações. Seguidamente, a Sra. Ministra da Educação interveio, começando por agradecer o convite que lhe foi formulado e mostrou a sua satisfação em estar presente na cerimónia de entrega de diplomas. Apelou, em vários momentos, a todos os adultos presentes que a oportunidade que tiveram deverá constituir-se como um exemplo para “orientarem de forma diferente o futuro dos jovens que têm à sua responsabilidade”. A Sra. Ministra da Educação teceu palavras de elogio ao esforço de todos os adultos que resolveram investir na sua qualificação, reconhecendo que o certificado que obtiveram é ”duplamente penoso” e “bem mais difícil de obter” face à vida família e profissional que os mesmo vivenciaram.
Após estas intervenções, contámos com o testemunho de dois adultos que foram certificados pelo Centro Novas Oportunidades, Sr. Fernando Carvalho e Maria de Lurdes Leite, os quais obtiveram um certificação equivalente ao 9ºano de escolaridade. Ambos os adultos abandonaram a escola, devido às dificuldades económicas da sua família, tendo que ingressar muito cedo no mundo do trabalho. Testemunharam junto dos presentes vontade de continuar a investir na sua formação e, afirmaram, que a obtenção do 9º ano não se assumia como um meta mas como um meio para ir mais além.
A cerimónia prosseguiu com a obra musical Going Home. New World Sinphony Second Movement. de Antonin Dvorák, interpretada ao piano por Paula Guedes, adulta que também recebeu o diploma de equivalência ao 9º ano de escolaridade.
O ponto alto da cerimónia foi a entrega dos Diplomas. Coube à Excelentíssima Sra. Ministra da Educação a honra de entregar os dez primeiros certificados aos primeiros adultos que concluíram o processo de RVCC. A cerimónia prosseguiu com a entrega dos restantes diplomas pela mesa de honra.


PRIMEIRA CERIMÓNIA DE ENTREDA DE CERTIFICADOS NA Unidade Hospitalar Médio Ave, EPE


No âmbito do protocolo entre a Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, CRL - Escola Profissional Cior e a Unidade Hospitalar do Médio Ave - EPE realizou-se no dia 7 de Novembro, a cerimónia de entrega de 36 certificados de equivalência aos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico aos funcionários desta Unidade Hospitalar.
A cerimónia foi presidida pelo Presidente do Conselho de Administração desta Unidade Hospitalar, Dr. José Dias e pelo Director do Centro Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, CRL, Dr. Amadeu Dinis.
Tendo como palco as instalações do hospital e contando com a presença das equipas técnicas que acompanharam este processo de certificação, procurou-se reforçar a ideia de que esta cerimónia não devia ser perspectivada como um ponto de chegada, mas sim como um ponto de partida, no percurso formativo dos adultos. Apelou-se, desta forma, para a necessidade dos adultos presentes continuarem a aprender ao longo da sua vida, apostando, assim, na sua formação.
Após a entrega dos certificados, decorreu uma sessão de informação/esclarecimento acerca do Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências - Nível Secundário.

Testemunho

Para mim o RVCC foi mais do que um validar de competências, foi acima de tudo uma valorização pessoal.

Muitas vezes no mundo do trabalho, à procura de um emprego, as portas são fechadas apenas por não cumprirmos um dos requisitos mais pretendidos, ter o 9º ano. É muito complicado vermos as nossas competências equiparadas com as habilitações literárias, sem termos qualquer oportunidade de mostrar o que conseguimos fazer e o que valemos profissionalmente.

Por isso o CRVCC para mim foi muito importante. Certamente quando responder a um anúncio ou proposta de trabalho, irei muito mais confiante, porque já ultrapassei um dos entraves para uma nova oportunidade.

O Processo foi muito interessante. Eu sou uma pessoa que gosta de desafios. Cada objectivo proposto era um desafio que procurei ultrapassar com sucesso.

Os formadores além de muito acessíveis e simpáticos, foram bastante explícitos no decorrer do processo, o que facilitou bastante.

Para mim foi uma experiência gratificante, que nunca esquecerei”

Esmeralda Alves
Adulto certificado com B3


ASAS PARA VOAR...

Há mais de 20 anos que estou ligado à formação e educação de Adultos, como animador cultural, professor, formador e coordenador concelhio do ensino recorrente e extra-escolar. Desde 2003, tenho também desempenhado funções de avaliador externo nos processos de RVCC.
Tem sido pois uma vida dedicada à Educação e Formação de Adultos. Desde cedo aprendi a respeitar estes homens e mulheres que, contra todas as adversidades, lutam por uma melhor valorização e qualificação escolar e profissional. Também fui aprendendo que o modelo formativo centrado na escola e nos conhecimentos não é o único a dotar os cidadãos das competências escolares e formativas. Ao longo destes anos pude constatar que, fora da escola, na família, na Associação, nos empregos, enfim, em sociedade, é possível, através da auto-aprendizagem, mas também com recurso a pequenas/grandes acções de formação, de carácter mais ou menos formal, adquirir competências pessoais, sociais e profissionais, muitas vezes impossíveis de adquirir nas Escolas, durante o percurso escolar regular.
Destas experiências destaco o das mulheres, autênticas heroínas, que sofreram discriminação na sua adolescência, tendo de abandonar a escola e dedicar-se às lides domésticas e à subsistência da família, pois tradicionalmente a mulher era educada para ser boa dona de casa, boa esposa e boa mãe, não necessitando de estudar. Na idade adulta, revelam-se voluntariosas, empenhadas e estóicas; emancipam-se, saem do conforto e do comodismo das suas casas e passam a frequentar cursos e acções de formação, para se valorizarem escolar e profissionalmente, mas sobretudo para concretizarem o sonho de escolarização que lhes foi negado em idade própria e assim se afirmarem socialmente.

Desta minha curta experiência de avaliador externo saliento o rigor, o empenho, o profissionalismo e o humanismo deste processo. Não se assiste a certificações administrativas. Há o trabalho e o mérito de cada um, com o objectivo duma certificação de competências. Tenho comentado frequentemente que um número razoável destes adultos revela excelentes competências, para quem o B3 é muito pouco, pois são merecedores duma certificação ao nível do 12º ano. Uma percentagem destes adultos entra neste processo, uns pela concretização dum sonho de infância, outros para poderem reunir condições de admissão a formações mais elevadas, outros para se afirmarem em termos socais e outros ainda numa perspectiva de formação e aprendizagem ao longo da vida.
A todos estes homens e mulheres insatisfeitos e lutadores presto a minha homenagem. Com muito esforço, conseguiram asas para voar. Estou convencido que este processo constitui um autêntico passaporte para a vida.
Com cidadãos dotados de melhores qualificações escolares e profissionais, com melhores cidadãos, Portugal poderá vencer os desafios colocados pela globalização e pela integração europeia.

Júlio Fontes Sá
Avaliador Externo

O MEU PERCURSO

Uma adolescência turbulenta, uma maternidade precoce e a dedicação à família fez com que os estudos ficassem adiados.
Feliz e realizada em muitos aspectos da vida, sentia-me triste quando me perguntavam as minhas habilitações. A nível profissional, gosto do que faço, mas não me sinto realizada pois com o 6º ano não posso ir mais longe. Dúvidas, receio de uma escola esquecida, a família, a casa, o trabalho, o facto de não ter um horário compatível, o achar que já não tenho idade e mais um turbilhão de obstáculos fizeram com que a ideia de estudar ficasse para um dia, talvez…
É então, através de uma sessão de informação e divulgação feita por um profissional do centro Novas Oportunidades da Cior, realizada na instituição onde trabalho, que tive conhecimento do Centro Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, CRL. Duvidosa decidi inscrever-me.
Mais nada pairava na minha cabeça a não ser a imagem de uma escola com cadeiras de madeira, um quadro de lousa pregado na parede. Sinto-me desmotivada, pois já não sou mais aquela adolescente de cabeça fresca, mas sim uma adulta com responsabilidades com um sonho por realizar. Mas será que tinha o direito de desistir e deixar de me preocupar com o meu futuro sem saber o que envolvia este projecto?
Vou à primeira sessão a 18 de Janeiro de 2007 com um grupo de colegas da instituição onde trabalho e deparo-me com uma técnica que nos transmitiu confiança e retirou todas as nossas dúvidas.
Porque a escola da vida todos nós frequentamos no nosso dia-a-dia e essa não tem cadeira de madeira, nem quadros de lousa pregados na parede, esta seria a oportunidade de eu agarrar o meu futuro, acreditando que seria capaz. Não desisto e vou em frente.
No meu grupo éramos 13 pessoas onde durante duas horas semanais pairava a boa disposição e nos ajudávamos mutuamente e compartilhávamos ideias. Devo confessar que eram duas horas em que nos abstraímos dos nossos problemas. Éramos só nós e os técnicos, que por sua vez são pessoas atenciosas e simples, o que tornou este trabalho um fardo leve de se levar.
Devo confessar que, como qualquer ser humano, também fraquejei e quis desistir, mas pensei “se eu tiver uma divida eu vou fazer de tudo para a pagar nem que tenha que pedir e esta era a divida que eu tinha para comigo e tinha de a pagar”.
A 22 de Março de 2007 dá-se o fim das sessões e os nossos dossiers vão para análise. Esperámos para saber se estávamos validados para ir a júri ou se teríamos que ter formação complementar de algumas horas para adquirir as competências em falta. Eu tive sorte e fui directamente a júri no dia 7 de Maio de 2007, e como é o meu feitio sofrer por antecipação, estava nervosa e para meu espanto o ir a júri é dos momentos mais simples que este processo tem.
Quando ouço dizer “está certificada com 9º ano de escolaridade” por momentos esqueci o mundo e pensei:”consegui, vai em frente”. É este o conselho que eu dou a todos os meus colegas que estão indecisos, aos que já começaram e estão desmotivados, aos que estão em formação complementar, aos que foram certificados como eu, não desistas e segue em frente porque tu és capaz.
Quero deixar uma palavra de agradecimento à Escola Profissional Cior por implantar o Centro Novas oportunidades onde empregados e desempregados de um modo fácil, flexível, e gratuito não desistem de sonhar, ao excelente grupo de formadores, e em especial à Dra. Maria João Händel, Dra. Carla Susana Azevedo, Dra. Rosário Rodrigues, Eng.ª Marta Silva e ainda à Dra. Fernanda David pelo incentivo e por terem acreditado que tenho capacidade de chegar mais longe e seguir para próximo patamar: o de tirar o 12º ano.
O desistir sem tentar é o princípio do fracasso e neste mundo cruel, os fracos choram por terem desistido sem tentar.

Rute Morais Chaves Viana
Adulto Certificado com nível B3

EMPRESAS APOSTAM NA FORMAÇÃO

Os Centros Novas Oportunidades são para muitos adultos uma “nova oportunidade” de concluir os estudos, de melhorar a sua situação profissional, e, em alguns casos, a concretização de um projecto pessoal.
Da experiência adquirida, enquanto Avaliadora Externa, tenho a oportunidade de ver no terreno uma realidade que não pode ser menosprezada e ignorada. Nos dossiers pessoais, muitos adultos apresentam histórias de vida riquíssimas, contudo pelos mais diversos motivos os estudos foram colocados em 2º ou mesmo 3º planos.Com a abertura dos Centros Novas Oportunidades vêem uma nova luz ao fundo do túnel. Nesse sentido ingressam num processo que é uma novidade. Dia após dia, com a ajuda preciosa dos Profissionais e Formadores dos Centros, descobrem que têm muitas competências e que até podem e conseguem ver o 6º ou 9º anos certificados.
Na busca desse passado, recordam momentos que marcaram profundamente as suas vidas, nomeadamente os percursos formativo, profissional e pessoal. No final, apresentam dossiers, que recordam todo esse passado, e que no fundo pretendem funcionar como um passaporte para um futuro, ainda melhor. Nesse sentido, são muitos os que manifestam vontade de continuar a estudar e concluir com sucesso o 12º ano. Depois de um abandono escolar precoce, na actualidade os adultos sentem dificuldades devido à falta de habilitações escolares. Desempregados ou não, a maioria dos adultos ao longo de vários anos trabalhou na mesma empresa e desempenhou sempre as mesmas funções. Para agravar a situação não têm no seu Curriculum Vitae a referência a acções de formação, em que tenham participado. As desculpas são várias e passam por afirmações do género: “Trabalhava diversas horas por dia… e estava cansado”; “Trabalhava por turno e não podia assumir nenhum compromisso… “; “Nasceram os filhos…”, etc. Há também quem argumente que as empresas não proporcionaram condições. Se era esta a realidade há alguns anos, actualmente a situação está a mudar. O que se vê no terreno é que hoje em dia são as próprias empresas a tomar a iniciativa e a dar o primeiro passo, no sentido de assinarem protocolos com os Centros Novas Oportunidades, para desta forma ajudarem os seus funcionários a melhorar as suas habilitações académicas. Neste contexto todos ficam a ganhar. Ganham os funcionários, porque melhoram as suas perspectivas profissionais e formativas, e as empresas porque passam a ter funcionários mais competentes. Nesta altura, ainda são poucas as empresas a fazerem esta aposta, mas estou convencida que ‘a moda vai pegar ’. Há que elogiar esta atitude e que estes exemplos de sucesso sejam adoptados por mais empresários da região.
Avaliador Externo
Fátima Cerqueira

I ENCONTRO DE CENTROS NOVAS OPORTUNIDADES DO VALE DO AVE


No dia 30 de Maio realizou-se no Citeve o I Encontro de Centros de Novas Oportunidades do Vale do Ave subordinado ao tema “Um oportunidade para (Re) pensar práticas de RVCC”. Esta iniciativa foi promovida pelos Centros de Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, C.R.L, - Escola Profissional e pelo Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário de Portugal – Citeve.
Pretendeu-se com esta iniciativa promover momentos de diálogo e reflexão em torno das práticas Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências dos Centros Novas Oportunidades do Vale do Ave. A sessão de abertura contou com a presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vila de Nova de Famalicão, Arq.º Armindo Costa; da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), Dr.ª Olívia Santos Silva; da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), Dr.ª Rita Castilho e Dr. Paulo Santos, do Presidente do Conselho Executivo da Escola D. Sancho I, Eng.º Benjamim Araújo, do Director do Centro de Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, CRL, Dr. Amadeu Dinis e do Director do Centro de Novas Oportunidades do Citeve, Dr. Augusto Lima. Na sessão de abertura, o Dr. Augusto Lima saudou os convidados e as equipas responsáveis pela organização do evento. Aproveitou ainda, para apresentar os objectivos e a ordem de trabalhos deste I Encontro de Centros Novas oportunidades do Vale do Ave. Seguidamente o Dr. Amadeu Dinis, director do centro Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, CRL, referiu que “este encontro através dos diferentes ateliers de trabalho, permite a troca de experiências e vivências, de maneira a encontrarmos novas formas de enfrentarmos as novas realidades e paradigmas com que sistematicamente somos confrontados”. Por fim, o Sr. Presidente da Câmara Municipal, Arqº Armindo Costa salientou a importância dos Centros de Novas Oportunidades no concelho, referindo que "por iniciativa da escola profissional Cior e do Citeve, a cidade de Famalicão dispõe hoje de dois Centros de Reconhecimento e Certificação de Competências". Acrescentou ainda que, "Temos também empresas disponíveis para requalificar as habilitações dos seus trabalhadores, de que é exemplo máximo a Continental-Mabor, que assinou recentemente um contrato com o Estado, tendo em vista atribuir a equivalência ao 12º ano de escolaridade a cerca de metade dos seus 1500 funcionários". Constituindo do ponto de vista deste, "sinais positivos", que indicam que "os famalicenses estão dispostos a agarrar esta nova oportunidade, para que tenham condições de competir num mercado de trabalho cada vez mais exigente".Este evento contou com a presença dos Centros Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão; do Citeve; da Escola Secundária com 3º Ciclo Caldas das Taipas; da Escola Secundária Francisco de Holanda; da Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto; do CITEX e a Escola Secundária Caldas de Vizela.

As sessões de trabalho assumiram a forma de ateliers temáticos onde se debaterem os seguintes temas: “Acolhimento, diagnóstico e encaminhamento”, “A formação complementar: consolidação de saberes”, “Metodologias de reconhecimento de competências” e “Júri de Validação e Certificação: que práticas?”. Durante as sessões de trabalho, as quais foram moderadas pelos representantes da Agência Nacional para a Qualificação, foi possível constatar a diversidade de práticas de RVCC nos Centros que intervêm na região do Vale do Ave.Esta diversidade de práticas resulta da necessidade que cada CNO sente em ajustar as suas intervenções à variedade de públicos que os procuram. Mas é, simultaneamente, nesta pluralidade que é possível apercebermo-nos das potencialidades e riqueza que os processos de RVCC encerram.Estes momentos de trabalho assumiram-se, sobretudo, como um espaço de reflexão para que todos os centros presentes possam de alguma forma encontrar caminhos mais ajustados à sua realidade. Contribuiu ainda para a partilha e disseminação de metodologias de trabalho, de instrumentos e de práticas de RVC promovendo, desta forma, redes locais assentes numa lógica de intercâmbio de recursos e conhecimento.Na sessão de encerramento foi lançado o “desafio” a todos os centros presentes no sentido de dar continuidade a este tipo de iniciativas, dado que estes espaços assumem-se cada vez mais como momentos privilegiados de construção de conhecimento, de partilha de saberes, de práticas e de cooperação institucional.Assim sendo, esperamos que no próximo ano possamos, mais uma vez, sentarmo-nos todos e partilhar os reflexos que este encontro produziu ou não nas práticas de cada centro.




UM ANO DEPOIS

Abertos à comunidade desde o dia 1 de Setembro de 2006, o Centro Novas Oportunidades da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão, C.R.L tem procurado reconhecer, validar e certificar as competências que os adultos adquiriram ao longo da sua vida, nos mais diversos contextos, conferindo-lhes um certificado equivalente ao 3º, 2º e 1º Ciclos do Ensino Básico.

O início da actividade do Centro exigiu de toda a equipa pedagógica um enorme empenho e envolvimento, com vista à concretização de todas as acções conducentes à instalação, organização e funcionamento do mesmo. Só assim, foi possível em tão pouco espaço de tempo dar resposta às solicitações dos adultos que o integram Concelho de Vila Nova de Famalicão em termos de reconhecimento, validação e certificação de competências.

Fazendo, agora, um balanço da actividade do Centro, ao longo destes últimos meses, podemos concluir que foi bastante positivo. Aliás e, tendo por referência as metas atingidas, tal como se pode visualizar no gráfico que se segue, o Centro Novas Oportunidades conseguiu atingir os objectivos a que inicialmente se propôs.

Assim sendo, o Centro registou, até 31 de Dezembro de 2006, 278 adultos inscritos tendo ultrapassado as metas físicas estipuladas no Plano Estratégico de Intervenção que rondavam os 250 adultos. Estamos a falar de adultos de ambos os sexos, que na sua maioria se encontram empregados por conta de outrem, que se situam na faixa dos 25-34 anos e que possuem maioritariamente o 2º Ciclo do Ensino Básico Completo. Destes 278 adultos, entraram em Balanço de Competências 146, tendo sido certificados, até Dezembro de 2006, 32 adultos.

Paralelamente a todo o trabalho conducente à concretização das metas, levou-se a efeito acções de informação e divulgação junto de vários públicos, nomeadamente na Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, Escolas, UNIVAS, Empresas, Associações Empresariais, Culturais, Sociais e Desportivas, Associações Sindicais e Paróquias. Em consequência desta acção, formalizou-se uma rede de parcerias onde foram definidos quatro pólos estratégicos de intervenção nas freguesias de Arnoso Santa Eulália, Ribeirão, Fundação Castro Alves, Bairro e no Centro Social da Paróquia de Joane com objectivo de promover um serviço de proximidade junto da população de Vila Nova de Famalicão.

Em síntese, temos consciência que os alicerces estão construídos, mas que existe um conjunto de arestas por limar por forma a consolidar todo o trabalho desenvolvido. Perspectiva-se que o ano 2007 seja um ano de mobilização de energias que vão de encontro às expectativas de todos aqueles que chegam até nós.

INAUGURAÇÃO DO CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES DA CIOR

No dia 4 de Setembro de 2006, a nossa Escola inaugurou uma nova estrutura de Educação e Formação de Adultos – O Centro Novas Oportunidades, a qual resultou de um projecto de parceria entre a Escola Profissional Cior e a Escola Secundária D. Sancho I, no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades. Desta forma, a Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão passou a integrar a Rede Nacional de Centros Novas Oportunidades que se encontram distribuídos de Norte a Sul do País.
Esta estrutura destina-se a toda a população adulta, com mais de 18 anos, que pretenda ver reconhecidas, validadas e certificadas as competências que adquiriram ao longo da vida, nos mais diversos contextos, com objectivo de obter uma certificação escolar equivalente ao 1º, 2º e 3º Ciclos e futuramente ao 12 º ano de escolaridade.

Desde a sua inauguração, contámos com 250 adultos inscritos, dos quais 146 adultos já concluíram o balanço de competências prevendo-se, muito em breve, a formalização das primeiras certificações escolares.

Para aqueles que ainda não conhecem a dinâmica inerente ao Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências passamos, então, a explicar um pouco como se processa a certificação de competências. Antes de mais importa referir que este processo poderá assumir diferentes modalidades, todavia, as mais comuns são: processo autónomo ou em grupo, sendo este último a mais frequente. Esta última modalidade inicia-se a partir do momento em que o adulto se dirige ao Centro e obtém as primeiras informações sobre o Processo de RVCC. O adulto é recebido por um técnico, que por um lado, lhe explica as fases do processo, e por outro lado, efectua a marcação da ficha de inscrição e respectiva entrevista de diagnóstico. Após a realização da ficha de inscrição e possuindo o adulto o perfil para iniciar este processo, damos início ao balanço de competências. É nesta fase, e com o apoio do profissional de RVCC e dos formadores das quatro áreas de Competências - Chave (Matemática para a Vida, Linguagem e Comunicação, Cidadania e Empregabilidade e Tecnologias da Informação e Comunicação), que se procede à identificação e reconhecimento das competências que o adulto adquiriu ao longo da sua vida levando-o à construção do seu Dossier Pessoal.

Concluído e analisado o Dossier Pessoal por referência às quatro áreas de Competências-Chave poderá ocorrer diferentes situações: a) a ausência de determinadas competências, em uma ou mais áreas, implicará a necessidade de Formação Complementar ministrada pelos formadores no Centro; b) a existência de acentuadas necessidades formativas implicará que os adultos sejam encaminhados pelos profissionais para outras ofertas de Educação e Formação de Adultos externas ao Centro mas (OEFA) que se coadunem ao tipo de necessidades formativas diagnosticadas e por último, caso não se verifique a necessidade de Formação Complementar nas áreas de Competências-Chave, o adulto procede à formalização das suas competências numa sessão de júri efectuando-se o registo das mesmas na Carteira Pessoal de Competências-Chave e à emissão de um do certificado equivalente a um determinado nível escolar.

Concluído todo processo de RVCC o Centro oferece aos adultos o serviço de Provedoria o qual permite o encaminhamento ou acesso dos adultos a outros sistemas de educação e formação de adultos que se ajustem às suas necessidades e perfil, facilitando, assim, a sua mobilidade Sócio-Profissional.

Em traços muito gerais apresentámos aqui um esboço do PRVCC permitindo a cada um de vocês conhecer melhor o trabalho que se desenvolve no Centro Novas Oportunidades da nossa Escola. Aproveitamos este espaço para, informalmente, convidar todos os interessados a conhecer de mais perto o nosso trabalho e, muito em breve, a assistirem à certificação dos primeiros adultos com o 9º ano de escolaridade.