terça-feira, 1 de abril de 2008

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO

Portugal apresenta um défice histórico ao nível da qualificação e certificação escolar e profissional. Este défice tem-se traduzido num dos principais factores que explicam o atraso do país face aos países mais desenvolvidos.
As consequências da baixa qualificação da população activa portuguesa trespassam os mais variados sectores, desde a economia, emprego e as inerentes consequências sociais. Este défice tem caracterizado uma faixa significativa da população portuguesa, levando numa análise mais profunda a problemas ao nível sistémico e individual.
Pode-se desenhar um ciclo vicioso, onde o abandono precoce da escolaridade e a consequente precariedade de emprego e dificuldades económicas coabitam com baixos níveis de formação sociocultural. E nem mesmo a mudança geracional tem sido por si só capaz de interromper e inverter este ciclo.
Relativamente ao potencial humano e apesar dos anteriores esforços, Portugal ainda não conseguiu superar os baixos níveis de qualificações, quer ao nível do ensino básico, quer ao nível do ensino secundário, quando comparado com os restantes países da União Europeia.A aprendizagem ao longo da vida emerge-se como estratégia prioritária no combate a este défice, entendendo-se que a criação de uma oportunidade para aqueles que precocemente abandonaram a escola e entraram no mercado de trabalho com níveis de escolaridade baixos e sem uma profissionalização é um “dever incontornável por motivos de justiça e de coesão social, mas também uma condição essencial para o desenvolvimento do país” (Ministério da Educação).
A maioria da população desempregada e mesmo parte da população empregada apresentam baixos níveis de qualificação e competências desactualizadas que importa reforçar e desenvolver.Neste sentido, o Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional CIOR continua a desenvolver esforços para dar resposta às necessidades dos diferentes públicos.Assim, no ano de 2008, será dada continuidade aos protocolos entre o Centro Novas Oportunidades da CIOR e as várias empresas/instituições do concelho, tais como PRIMOR, Junta de Freguesia de Ribeirão, Junta de Freguesia de Arnoso Santa Eulália, Recreio do João – Vermoim, iniciando novos protocolos com a Associação de Moradores das Lameiras, Centro Social e Paroquial de Calendário, Construções Gabriel Couto, Santa Casa de Misericórdia de Vila Nova de Famalicão e Agentes de Segurança Pública.
Para dar resposta às múltiplas exigências empresariais, o CNO tem procedido ao alargamento do seu horário de funcionamento e à adaptação dos horários aos trabalhadores.
Outra grande aposta do CNO para este ano é a elevação da qualificação/certificação da população em geral do concelho de Vila Nova de Famalicão, assim como o alargamento da sua área de intervenção, nomeadamente através das itinerâncias, estando assim cada vez mais próximo das pessoas.
No processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências ao nível do Ensino Básico (9º ano de escolaridade), cada adulto terá que desenvolver o seu portfólio, surgindo este como o retrato do percurso de aquisição e desenvolvimento de competências, nas diversas dimensões, pessoal, social, profissional, formativa…
Ao iniciar o seu portfólio, o adulto deve pensar que está a escrever uma história de tudo o que aprendeu. A utilização do percurso de vida é o ponto de partida. Partindo desta e sempre de uma forma pensada, reflectida e problematizada, numa perspectiva de questionamento sobre o que foi aprendido, o adulto vai construindo o seu portfólio onde a par da história de vida, deverá apresentar um conjunto de actividades que evidenciam as competências adquiridas.
Este documento serve como instrumento de Validação das Competências, conhecimentos e saberes adquiridos pelo adulto ao longo do seu percurso de vida, sendo a base de sustentação de todo o processo.
O portfólio é um documento de autoconstrução e em constante reformulação, onde cada adulto escolhe a informação de acordo com os critérios definidos e acordados entre este e os técnicos/formadores. Este não é um documento fechado, sendo, acima de tudo, um instrumento vivo e de reflexão sobre as suas aprendizagens no processo de construção da sua qualificação.

Ana Catarina Lopes, Catarina Alves e Maria João Händel
Profissionais de RVC
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